Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (2000-2002)

Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (2010-2014)

Tel 217229800 - Ext-1863


Consultório:
Av. António Augusto Aguiar 42 - r/c dt.
Lisboa
Tel. 213578579/213 542 853
Mail: jorgerosasantos@gmail.com








sábado, 21 de novembro de 2009

VI CURSO TEORICO E PRATICO DE ONCOLOGIA DA TIROIDEIA

Realizou-se nos dias 19 e 20 de Novembro de 2009 o VI Curso de Oncologia da tiroideia.Inscreveram-se no mesmo cerca de 200 participantes entre médico, enfermeiros e estudantes. Foram efectuadas nos dois dias quatro intervenções cirurgicas pelo Dr. Jorge Rosa Santos com visionamento em directo para toda a audiência, intervenções estas que se podem considerar operações tipo em oncologia tiroideia.
Trancreve-se aqui o discurso de abertura oficial do curso proferido pelo Dr. Jorge Rosa Santos.

Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Administração do IPOLFG
Exmo. Senhor Director Clínico
Caros Colegas
Caros Participantes

Mais um ano e mais um curso mono temático na área da oncologia de cabeça e pescoço, dando forma à componente pedagógica e ao reconhecimento técnico e cientifico dos serviços da Instituição que integram a área da oncologia de cabeça e pescoço.
O XII Curso organizado pelo Serviço desde que ocupo o cargo de Director de Serviço.
Tanto o Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço como o Serviço de ORL mantém a sua vocação histórica iniciada pelo Prof José Conde, em 1969, emergindo da exclusiva vertente assistencial para partilhar com todos a experiencia em áreas tão cruciais como a que iremos abordar ao longo destes dois dias.
Na minha qualidade de Director de Serviço, não deixa de constituir para mim um enorme orgulho o papel que o Serviço de Cirurgia de Cabeça Pescoço tem desempenhado, e que estou seguro que continuará a ser trilhado para lá da minha permanência no cargo de Director de Serviço.
Ao orgulho que institucionalmente sinto com o realizar destes cursos, acresce o facto de este ano, sem convidados estrangeiros, recorrendo exclusivamente aos recursos humanos cujo “Know how” foi adquirido nesta instituição, termos batido todos os recordes de presenças com 170 participantes inscritos.
Mas se bem que um discurso de abertura represente e deva transmitir os sentimentos mais profundos que nos tocam num momento como este, e no caso presente sublinho é o de um enorme orgulho e reconhecimento, não posso deixar de aproveitar para mais uma vez tentar sensibilizar os responsáveis para a necessidade de reformulação de algumas estratégias, fundamentais para que o IPOLFG na área de cabeça pescoço continue a ser uma instituição de referencia.
Por esta razão, perdoem-me por num curso de Oncologia Tiroideia abordar um tema do foro cirúrgico, sem correspondência directa com o tema a tratar.
Numa altura em que o factor qualidade de vida constitui uma preocupação fundamental nos objectivos terapêuticos do cancro de cabeça e pescoço, a inexplicável inexistência de métodos reconstrutivos com recurso a retalhos microvascularizados constitui um enorme deficit assistencial.
Esta é uma carência injustificável no século XXI.
Sentimo-lo nos Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e de ORL, como um problema inadiável que não sendo rapidamente ultrapassado será capaz de comprometer o futuro do Instituto nesta área cirúrgica.
Presentemente é inaceitável uma instituição que procede a todas as terapêuticas de ressecção cirúrgica para tratamento do cancro de cabeça e pescoço, não dispor da possibilidade a nível interno de recurso a estas técnicas.
Esta possibilidade existe em qualquer instituição oncológica, mesmo em países considerados do terceiro mundo, sendo incompreensível a passividade com que tem sido abordado.
Os dois projectos nos quais pessoalmente me envolvi para dinamizar esta área falharam, sendo convicção minha que em ambos os casos os projectos falharam por falta de empenho dos responsáveis e de alguns grupos profissionais.
Pela nossa parte penso que em ambos demos tudo o que tínhamos de pessoal para evitar o seu fracasso.
Cheguei a encarar a visão crítica e agora comprovadamente obsoleta de um dos anteriores Presidentes do CA que me disse constituir um devaneio irresponsável a tentativa de constituir uma Unidade de Reconstrução microcirurgica nesta Instituição.
Operações no BO com duração de 12 horas, necessidade de recurso sistemático à UCI, repercussão negativa das listas de espera cirúrgica, excesso de trabalho para os recursos humanos disponíveis, ausência de compensação financeira, pressão no cumprimento de objectos contratualizados, constituíram óbices que impossibilitaram na sua totalidade o desenvolver normal destes programas.
Sublinhei por diversas vezes que se tratava de um “Projecto Institucional”, de resultados imediatos pouco impressivos, mas que iria colmatar a médio e longo prazo uma enorme lacuna nas possibilidades cirúrgicas deste Centro que se pretende continue a ser uma instituição de referência no tratamento do cancro.
Sublinho o Institucional, pois se não houver um empenho de todas as hierarquias administrativas e técnicas da instituição, ele fracassará inevitavelmente.
Premonitoriamente, o fracasso concretizou-se.
Mas este facto não me faz desistir.
Quando o actual CA tomou posse, voltei a tentar sensibilizar para este problema.
Escrevi, propus e patrocinei sessões clínicas subordinadas ao tema, esperando tê-lo feito com o engenho suficiente para consubstanciar a sua materialização.
Reconheço, no entanto, que o momento não é financeiramente propício.
Assoberbados com o peso do factor produtivo e com o cumprimento dos contratos programa temos sido todos, médicos e administradores, incapazes de reverter a situação.
Numa altura em que muito provavelmente a minha carreira hospitalar se aproxima do seu fim, seria para mim uma enorme satisfação se conseguíssemos dar corpo a este projecto, deixando a instituição em condições que lhe permitissem percorrer a área da cirurgia oncológica de cabeça e pescoço de acordo com as regras da legis artis.
Para mim seria uma inestimável recompensa para uma carreira hospitalar.
Aos colaboradores directos, médicos e não médicos a toda a enfermagem do BO e do 5º Piso de internamento e ao Serviço de Endocrinologia e de Medicina Nuclear o meu mais profundo agradecimento pelo esforço dispendido, sem o qual não teria sido possível organizar mais este curso.
A Jonhson & Jonhson, à Genzyme e à Astra Zeneca a minha enorme gratidão.
A todos o meu muito obrigado pelo esforço e pela presença na sessão de abertura do VI Curso de Actualização em Oncologia da Tiroideia.
Muito obrigado.