Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (2000-2002)

Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (2010-2014)

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Lisboa
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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A situação de catástrofe económica e social


A situação de catástrofe económica e social em que Portugal se encontra sem possibilidade de resolução a curto ou médio prazo, o sentimento resultante da perspectiva do nosso futuro miserabilista, a ausência de expectativas futuras para a geração dos mais novos envolvendo filhos e netos, a convicção da impunidade imoral em que vivem os nossos ex. e actuais políticos todos eles responsáveis pela actual crise, são razões mais do que suficientes para o actual sentimento de revolta que nos envolve.

Não me constituo como uma excepção.

O direito à indignação é um dos direitos fundamentais das democracias, e não me envergonho por senti-la.

Tudo está posto em causa.

O Estado Social faliu mas os responsáveis por décadas de erros acumulados continuam a usufruir do bem-estar dos intocáveis.

Vejam-se os políticos, os banqueiros, os economistas, os gestores todos eles crânios iluminados no meio de uma horda de jumentos.

Nasci e estudei dentro dos padrões socialmente instituídos.

Desenvolvi o saber e o conhecimento ascendendo numa carreira após incontáveis concursos públicos e nunca por nomeação.

Trabalho na função pública há trinta e nove anos

Não tenho subvenções vitalícias nem nunca recebi qualquer premio pecuniário atribuído á minha dedicação.

À minha profissão de médico e de cirurgião, entreguei todo o meu esforço, todo o meu empenho, toda a minha paixão, procurando acima de tudo o melhor para os meus doentes.

Falhei em muitos casos, mas em muitos consegui ajudar compensando as derrotas que sempre me penalizaram.

Mantive e desenvolvi o caracter que genética e que de forma comportamental me foi transmitido.

Procurei ser sempre honesto, metódico e trabalhador.

Procurei seguir os modelos e os princípios éticos e morais que me ensinaram.

Contrastando com toda esta dinâmica, presentemente custa-me ver a dificuldade presente e futura dos trabalhadores incluídos na minha geração.

Pensámos que poderíamos ter um fim de vida confortável, sem luxos mas com a dignidade suficiente para nos mantermos interessados na vida.

Custa-me também ver a ausência de perspectiva dos nossos filhos, famílias separadas pela necessidade de encontrar trabalho, filhos adiados pela incapacidade económica para os ter e manter, cêntimos contados á exaustão, ausência de sonhos, ausência de perspectivas, tristeza, dificuldade, revolta.

É a indignação e revolta que lentamente toma conta de todos nós.

E nada é mais perigoso do que isto.

Somos considerados um povo de brandos costumes, mas tivemos revoltas, defenestrados, e regicidas.

O lume arde em fogo brando mas dum momento para o outro pode atear e tornar-se incontrolável.

Nesse momento, muitos terão procurar um refúgio para não sofrerem graves queimaduras.