Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (2000-2002)

Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (2010-2014)

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domingo, 20 de novembro de 2011

Sustentabilidade do SNS


O pais atravessa uma grave crise, sendo necessário grandes sacrifícios capazes de equilibrar o deficit público e reganhar índices de produtividade capazes de se contraporem aos sacrifícios pedidos aos portugueses.
É necessário que os portugueses entendam a razão, do “valer a pena” e de tantas restrições.
Este é um dado político e económico persistentemente transmitido, propalado e discutido desde o simples cidadão que toma o seu café na leitaria da esquina, até à magistratura máxima da Nação, o Prof. Aníbal Cavaco Silva.
Todos eles, mais ou menos eruditos emitem a sua posição, sendo eminentemente perigosa aquela que é veiculada pelos agentes que mais facilmente tem acesso aos “média”.
Habitualmente a razão é inversamente proporcional á capacidade de se fazer ler e ouvir.
A voz do povo é muito pouco escutada.
Falam demais os políticos e os economistas e menos o cidadão comum.
O poder instituído passou a tomar-nos por um rebanho de ovelhas em que o cão e o pastor decidem as rotas e as pernoitas.
Por diferentes vezes tenho tentado publicar uma simples opinião sem que essa oportunidade me seja facultada por alguma redação.
A atribuição de culpas patentes na actual situação, de acordo com a maioria das sumidades que tem capacidade para se fazer ouvir, é a Função Pública, expressão máxima segundo os políticos e economistas mais credenciados da baixa produtividade e do paradigma de maior retribuição por menor produção.
O Funcionário Público de acordo com epítetos da antiguidade, tornou-se sinónimo de leproso!
Para além do mais, o Funcionário Público vive há décadas acima das suas capacidades, como se o dinheiro tivesse saído em qualquer euro milhões, não regulamentado.
Se gastamos foi porque a Banca emprestou e porque a entidade reguladora o permitiu.
Mas a entidade reguladora foi premiada com um cargo bem, remunerado no contexto Europeu.
Toda esta retribuição institucional aos medíocres tem sido a regra no nosso país.
Todas as actividades que se pautam por uma doutrina social são postas em causa.
É “bem” discordar desta postura
A educação, a saúde, a segurança social e a justiça.
Como médico vou centrar-me na saúde e na sustentabilidade do SNS.
Os mais liberais e quiçá os mais perigosos, assumem uma posição de que a sustentabilidade do SNS é um dado passado, ultrapassado e motivo de desdenha.
Os “yupis” actuais já um pouco descontextualizados na época, acham que a saúde terá de ser tendencialmente paga, contrariando todas as disposições constitucionais que sua excelência o professor Cavaco Silva jurou cumprir.
Este contrassenso não nos espanta, vindo do responsável primário pela ruina dos sectores produtivos da agricultura e das pescas no nosso país.
Essa população de “neo-Yupis” é caracterizada por indivíduos mais jovens, sem que o expectro da doença os ensombre e caracterizam-se ou por ingenuidade, e destes deverão ser muito poucos, ou por rendimentos muito acima da média.
Quando estiverem doentes, e isso há de lhes acontecer, veremos a quem recorrem!
A saúde é caracterizada por uma irracionalidade de custos e de despesas que sempre reconheci.
Profissionais que não produzem, recursos humanos pouco rentabilizados, ausência de protocolos que racionalizem quer os exames complementares de diagnóstico quer as terapêuticas, administrações Hospitalares com benefícios exagerados e em excesso e uma baixíssima cultura da solidariedade e do espirito de missão.
Como em qualquer outra profissão entre os médicos e enfermeiros há bons e maus!
A representatividade das Ordens é muitas vezes cortada pelos interesses dos lóbis corporativos.
Mas todos estes erros e omissões são responsabilidade das Administrações Hospitalares, dos políticos que legislaram, e de todos os que impediram a reforma Administrativa dos Estado.
Muito haveria a ganhar se alguém que tutelasse esta pasta entendesse algo de saúde, das instituições Hospitalares que nos dão apoio, e que tivesse a sensibilidade social suficiente para não pôr em risco algo que conquistámos no pós 25 de Abril de 1974.
E que as medidas tomadas fossem selectivas e não cegas!
Muito haveria a ganhar se houvesse a coragem para efectuar uma reforma Administrativa do estado que alterasse todos os regimes de contratualização, de remuneração de trabalho e de despedimento na função pública.
Teríamos assim um SNS que faria inveja a muitos países bem mais evoluídos do que nós.