Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (2000-2002)

Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (2010-2014)

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sábado, 30 de maio de 2009

Cirurgia Geral, um fim anunciado.....

Fui alertado hoje para o mapa de vagas de cirurgia geral relativo ao ingresso do internato médico de 2009.
Vagas que terão de ser escolhidas a partir da proxima semana por cerca de mil e cincoenta candidatos em todo o pais.
Catorze vagas abertas pela ARS do Norte, sete pela ARS do Centro, duas mais duas vagas protocoladas pela ARS do Alentejo ao abrigo do Despacho º 78 de 24/11/2008 do Senhor Secretário da Saúde, uma pela ARS do Algarve, e imaginem uma vaga isolada pela ARS de Lisboa.
Sou Director de um serviço cirúrgico na área da oncologia de cabeça e pescoço numa instituição de referência no tratamento oncológico, área cuja especificidade impossibilita a abertura de vagas para a realização de internatos médicos, já que a subespecialidade em questão não é reconhecida pela OM.
Fui durante alguns anos Director do Internato Médico nesta Instituição e conheço bem as suas teias.
Numa altura em que todos os serviços cirurgicos tem dificuldade em recrutar novos Assistentes Hopitalares na área da Cirurgia Geral, numa altura em que pessoalmente considero que a Cirurgia Geral em Lisboa se encontra em crise de identidade, e de prestigio e de carencia de recursos, é preocupante as quotas de vagas abertas em Lisboa na área da cirurgia geral.
A cirurgia de cabeça e pecoço, valencia reconhecida em muitos paises, nomeadamente nos USA onde anualmente são abertas vagas de pós graduação às quais podem concorrer cirurgiões gerais, ororrinolaringologistas, cirurgiões plasticos ou cirurgiões maxilo-faciais, é em Portugal uma valencia não reconhecida pela OM, mas que nas instituições de referencia do tratamento do cancro constitui uma realidade pelo “Know how” adquirido.
A massa populacional portuguesa, com 10.000.000 de habitantes, a baixa prevalencia de tumores de cabeça e pescoço – cerca de 4% - no computo geral das doenças oncológicas e a centralização do seu tratamento nos centros oncológicos, não permite a viabilização de uma valência autónoma dentro da cirurgia geral.
O paralelismo com os USA e Canadá com cerca de 350.000.000 de habitantes não hesiste
Dai que, em Portugal, para recrutar médicos para estes serviços tenhamos que recorrer preferencialmentre à cirurgia geral, tronco de todas as outras especialidades cirurgicas.
Ao constatar que este ano só abriram uma vaga para todos os Hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, preocupa-me a renovação dos quadros dos Hospiatis Públicos em geral, e particularmente a viabilização do serviço que dirijo.
Com a agravante da não ver reconhecida pela tutela a sangria de médicos da medicina pública para os Hospitais Privados.
Desta situação são culpados, a tutela, a Secretaria de Estado e a ARS, entidades com funções governativas que deveriam ter a percepção suficiente para compreender o desiqulibrio geográfico e institucional na abertura destas vagas, os Directores de Serviço de Cirurgia na área da ARS de Lisboa e Vale do Tejo ao não terem a sensibilidade e a força para contrariar uma politica de abertura de vagas completamente errada e que a curto prazo asfixiará os seus serviços por incapacidade de renovação dos seus quadros, a Ordem dos Médicos e o Colegio de Especialidade de Cirurgia Geral ao não denunciar publicamente este erro, os média ao assistirem silenciosamente a mais esta ausência de estratégia na politica de saude, e por fim os estudantes de medicina ao não pugnarem com determinação pelos seus interesse legitimos, a bem de uma politica social com inegavel beneficio para a população.
Faz pena assistir a mais este episodio, perante a atitude contemplativa dos principais interventores.
Por mim, continuarei igual lutando contra moinhos de vento.

Dr. Jorge Rosa Santos – Médico Cirurgião – Director de Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

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