Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (2000-2002)

Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (2010-2014)

Tel 217229800 - Ext-1863


Consultório:
Av. António Augusto Aguiar 42 - r/c dt.
Lisboa
Tel. 213578579/213 542 853
Mail: jorgerosasantos@gmail.com








domingo, 31 de maio de 2009

Controlo biométrico de assiduidade nos Hospitais


Movo-me exclusivamente pela princípio do cumprimento dos meu dever cívico independentemente das consequências pessoais que possam advir dos meus actos.
Trinta e cinco anos após ter iniciado as minhas funções como medico nos Hospitais Civis de Lisboa e vinte e cinco no Instituto Português de Oncologia de Lisboa de Francisco Gentil, fui confrontado com a obrigatoriedade de registar a hora de entrada e de saída com recurso a dados biométricos.
Consciente de ter sido um médico devotado à causa publica, permanentemente preocupado com a vertente humanista e social do exercicio da medicina, senti-me ofendido e humilhado.
Utilizando autocraticamente o argumento da imposição superior, o CA elaborou um método que transformou os Directores Hospitalares em vulgares amanuenses, desmotivou uma classe, prejudicou a assistência aos doentes, e “last but not the least”, contribuiu para beneficiar muitos dos que gravitam na esfera do poder.
Utilizando métodos recorrentes, o governo e a tutela secundados por Administrações sedentas em mostrar trabalho, montaram um sistema que antecipadamente sabiam que iria ter o aplauso de uma enorme maioria dos utentes do SNS. e dos grupos profissionais que paralelamente desempenham o seu trabalho nas instituições de saúde.
Situação ridícula, populista e de gravíssimas consequências no desempenho dos serviços públicos de saúde.
Para não poder ser apelidado de discricionário o CA, decidiu implementar esta medida para todas as classes profissionais, independentemente do seu grau hierárquico e do seu estatuto laboral.
Pôs todos os funcionários no mesmo saco, não podendo desta forma ser acusado de tomar medidas persecutórias para uns e liberais para outros.
Nada de elitismo.
Esta medida serve os intuitos políticos da tutela, contribuindo para a prossecução do objectivo final do desmantelamento do SNS
E os doentes?
Esses não irão beneficiar com esta medida, continuando a ser o bode expiatório da inconsequencia dos sucessivos governos e administrações.
Como em todas as profissões, há médicos honestos e outros, poucos, que aderiram a conceitos mais dúcteis adaptando-se a formas estar diferentes dos conceitos humanistas que sempre nos orientaram.
O CA sabia perfeitamente quem eram os prevaricadores, demitindo-se até agora das suas funções e fechando os olhos perante as irregularidades.
Os Directores de Serviço que se atreveram a marcar faltas foram sistematicamente ridicularizados por uma lei da Administração Pública que protegia o incumprimento e os colocava em situação éticamente desagradável.
Não vai ser este novo sistema que vai alterar esta situação que tem a ver com a lei que rege a Administração Pública e não com o sistema a implementar para controlo de assiduidade.
A lei não mudou e os esquemas anedóticos para ultrapassar o controlo de assiduidade irão aparecer.
Pelo contrario, os que sempre cumpriram, e esses são a enorme maioria dos médicos , sentir-se-ão como eu feridos no seu orgulho e injustiçados, encontrando mais um motivo para não acreditarem nas reformas do SNS, nos seus administradores, na tutela e no seu governo.
É necessário não esquecer que os médicos constituem a trave mestra de qualquer serviço de saúde e que sem a sua satisfação, orgulho e motivação de pouco valerão as reformas efectuadas.
Com esta medida, a perspectiva será seguramente negra.
Os erros presentes pagar-se-ão caro no futuro !

Jorge Rosa Santos - Médico Cirurgião

Sem comentários:

Enviar um comentário