Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Director do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (2000-2002)

Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (2010-2014)

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domingo, 31 de maio de 2009

IV Curso de Oncologia Oral - Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IPOLFG

Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Administração do IPOLFG – EPE
Exma. Senhora Enfermeira Directora,
Exmos. Colegas,
Caros participantes,
Minhas Senhoras e Senhores

Com o risco de me repetir ao longo dos anos, não posso deixar de manifestar publicamente o privilégio de pronunciar o discurso de abertura deste curso, iniciativa de um serviço e de uma instituição que constituíram umas das grandes paixões da minha vida.
Trata-se do IV Curso de Oncologia Oral, e o XI Curso temático organizado pelo Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço nos seus treze anos de existência, desde que em Outubro de 1995 foi activado o desmembramento da Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço, com extinção da antiga Clínica Cirúrgica I, e criação dos Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e de ORL e das Unidades de Estomatologia e de Oftalmologia, antes consideradas como Unidades Integradas na Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço
Ao longo destes treze anos de actividade, durante os quais me tenho mantido como Director do Serviço, temos procurado manter-nos presentes e proactivos, com uma actividade e uma responsabilidade crescente não só no ensino pré e pós graduado, actividade esta que constituiu uma mais valia quer para o serviço quer para a instituição, como nas funções assistenciais e de investigação que decorrem do seu estatuto.
Para alcançar estes objectivos, não posso deixar de enaltecer aqui, o esforço e dedicação de todos os colaboradores sem excepção do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço nas suas vertentes assistenciais, de investigação, de ensino e de secretariado, esforço exemplarmente demonstrado pela analise dos padrões qualitativos obtidos e pelo cumprimento dos objectivos propostos para o Serviço.
De igual forma, reconheço no Serviço de ORL parceiro do 5º Piso e congénere pela proximidade das patologias tratadas, preocupações semelhantes com uma actividade permanente para o cumprimento das suas atribuições estatutárias.
Os dois serviços têm sido dignos da herança que receberam, constituindo dois dos pólos cirúrgicos mais activos da instituição, patente no prestígio granjeado nesta área cirurgica na globalidade do Serviço Nacional de Saúde.
Pena que este facto seja frequentemente esquecido a nivel interno, sendo mais fortes os creditos destes dois servilços no exterior da instituição do que no seu interior.
A patologia oncológica de cabeça e pescoço deveria constituir uma das apostas mais fortes da actividade cirúrgica da instituição, com direito a um tratamento de excepção, graças a um “know how” adquirido ao longo de decadas.
Mas é precisamente o tema que envolve o desmembramento da antiga Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço que pretendo abordar hoje na abertura deste curso.
Treze anos passados sobre esse evento, numa fase de elaboração de planos funcionais para uma eventual deslocalização institucional, pese embora o cepticismo que possamos ter perante os “lobys” instalados e a situação financeira tão adversa, é tempo de analisarmos e racionalizarmos no nosso espírito os prós e contras dessa decisão, sem emotividade e despojados de primarismo ou sectarismo, abdicando de posições extremas que em nada favorecem a essência fundamental da Oncologia a “multidisciplinaridade”.
Coloco-lhes as seguintes questões.
1. Será que as consequências do desmembramento da antiga Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço constituiu um factor benéfico para esta área da oncologia na sua globalidade, ou pelo contrário representou um retrocesso estrutural face à sua organização datada de 1969, e uma dificuldade acrescida à afirmação da cirurgia de cabeça e pescoço como sub-especialidade.
2. Será que houve benefícios para cada um dos Serviços e Unidades originárias da Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço
3. Será que não constituiria um benefício o reagrupamento destes serviços e Unidades numa Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço que pudesse integrar transversalmente oncologistas médicos e radioterapeutas.

Não sendo oportuno numa alocução deste tipo, escalpelizar as questões que aqui levanto, deixo a minha opinião pessoal, limitando-me a dar-lhes objectivamente as respostas que me parecem adequadas, assumindo a responsabilidade das mesmas na sua integra.
Em primeiro lugar, a Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço e a Cirurgia Oncológica de Cabeça e Pescoço como sub-especialidade não ganharam com o desmembramento da Clínica Oncológica I.
Disse-o antes e digo-o agora.
Todo o esforço feito antes de 1995 para o reconhecimento pela Ordem dos Médicos da cirurgia de cabeça e pescoço como uma sub-especialidade, esforço este liderado pelo Prof. José Conde, perdeu-se ingloriamente.
Na minha posse está o abaixo-assinado de praticamente todo o staff da antiga Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço, solicitando a criação dos serviços integrados num Departamento de Oncologia de Cabeça e Pescoço, agregador e catalizador de uma praxis multidisciplinar, tendo como líder incontestado na altura o Professor Nuno Santiago.
Em segundo, os Serviços e Unidades ganharam uma individualidade própria que antes estava esbatida por um centralismo asfixiante e limitativo, permitindo-lhes desta forma desenvolver projectos e estabelecer objectivos que eram essenciais à afirmação individual e colectiva de cada um.
Houve aqui um enorme benefício para cada um dos Serviços e Unidades.
Relativamente à terceira pergunta que deixei no ar, penso que, após todos terem encontrado a sua individualidade, seria benéfico um reagrupamento de todos os Serviços e Unidades em volta de um tronco comum, a Oncológica de Cabeça e Pescoço, englobando para além dos Serviços e Unidades originárias da Clínica de Tumores de Cabeça e Pescoço, oncologistas médicos e radioterapeutas.
Este problema da convivência multidisciplinar em cabeça e pescoço, foi resolvido a mais ou menos anos em todo o mundo, não fazendo qualquer sentido perpetua-lo em Portugal.
Esta hipótese terá de ser repensada numa reestruturação futura dos serviços de acção médica do IPOLFG, desafiando aqui a Direcção Clínica a nomear um Grupo de Trabalho que analise este problema e proponha as melhores soluções.
Ao dar a minha opinião sobre este assunto faço-o sem qualquer objectivo pessoal, limitando-me a pensar na instituição e nos doentes, e seguro de que não seria neste momento, temporalmente em fim de carreira, a figura ideal para corporizar um projecto deste tipo.
Caros amigos, sempre fui avesso a tabus e à ideia de que há assuntos que pelo seu melindre não devem ser abordados.
Este é um deles, mas creio que os anos já passados me dão a prerrogativa de o fazer sem falsas interpretações.
Aos participantes os votos de que possamos contribuir para a vossa formação na área da oncologia oral.
Aos palestrantes o meu sentido agradecimento pela colaboração e pela mais valia cientifica e humana que vieram dar a este curso.
Á industria farmaceutica também o meu agradecimento pelo apoio dado.
A todos os presente o meu muito obrigado em nome de todo o Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Instituição.

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